sexta-feira, 29 de julho de 2011

Drogas: um problema de todos nós, usuários ou não


O leitor do meu blog Romulo Rocha, mais conhecido como Rominho deu uma sugestão de materia. Pediu que falasse sobre as drogas. Resolvi escrever uma materia entao diferente do que estamos acostumados a ler por ai. No último dia 15 de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF), por 8 votos a 0, considerou como legais as manifestações públicas pró-maconha. O argumento central é a garantia absoluta da liberdade de expressão, presente na Constituição. Essa decisão gerou uma saudável polêmica, pois abriu mais espaço para a discussão das políticas públicas de combate às drogas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), Carlos Salgado, o Supremo, mesmo considerando boa intenção no gesto, acabou oficializando a apologia às drogas e permitindo um movimento que, em última análise, poderá ampliar em lugar de resolver o problema. “Essa inserção social da maconha vem sendo banalizada, tomada como benigna. A marcha em favor da maconha angaria novos usuários e glamuriza a droga”, afirma.

A defesa intransigente da liberdade, por parte do STF, pode ser facilmente relativizada. “A seguir poderemos ter marchas em defesa do crack, do oxi e até da permissão de beber entre menores de 18 anos”, afirma Salgado.
A falta de ações efetivas com relação às drogas por parte do governo também tem gerado preocupação. No mês passado, a secretária nacional de políticas sobre drogas, Paulina Duarte, afirmou em entrevista que “o governo nunca reconheceu o crack como epidemia. Isso é uma grande bobagem”. Em analogia ao oxi, a nova droga que está sendo encontrada em várias regiões brasileiras, não foi diferente. Segundo ela, “é mentira, [pois] não há embasamento científico” para o suposto fato de que o oxi possa causar dependência imediata.
“O governo tem subestimado o problema. O crack tem um poder inusitado de difusão e desorganização social e estamos vivendo uma epidemia, sim. A brutal disponibilidade do crack vem produzindo um número explosivo de usuários por todo o país”, explica Salgado. Para ele, a questão do oxi também tem sido minimizada. “Essa nova cocaína fumável tem se espalhado rapidamente por todas as regiões brasileiras e o que observamos é que ela parece ter um efeito ainda mais agressivo do que o crack. Não há lugar para alarmismo, mas sim realismo e enfrentamento imediato”, ressalta o presidente da Abead.
O Brasil enfrenta um grave problema de saúde pública relacionado às drogas, e isso, inclui também, as lícitas. O alcoolismo acomete 12% dos brasileiros e é uma doença que tem desafiado às autoridades sanitárias há décadas. Além disso, entre os jovens, o consumo de álcool e tabaco, muitas vezes, é a porta de entrada para drogas ilícitas.
Sejam as drogas ilícitas ou lícitas, o importante é tratá-las como prioridade. O problema é de saúde pública e é preciso colocar na prática as políticas de prevenção e tratamento. “O que falta é passarmos do discurso postergado à ação. A sociedade sozinha não é capaz de dar conta do problema”, completa Carlos Salgado.


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